segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Pai encontra o filho 34(!) anos depois

Essa historia começou no dia 2 de Janeiro de 2004, na cidade moçambicana de Pemba, onde o Moderador deste blogue tive a conversa com o Sr. António L. C., um ex – estudante moçambicano na Ucrânia, representante do Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) na Ucrânia nos anos 60.
Sr. António L. C., estudou na Ucrânia nos anos 60 - 70, quando ambos os países não eram independentes. Moçambique era o “território ultramarino” de Portugal e a Ucrânia tinha o estatuto de “república nacional” da URSS.
Mas em ambos os países, começou a manifestar-se o descontentamento generalizado da sua situação colonial. Em Moçambique a manifestação era mais clara, através da luta armada de libertação, conduzida pela FRELIMO. Na Ucrânia, o rosto do descontentamento eram os intelectuais: a artista plástica Alla Gorska (brutalmente assassinada pelo regime em 28 de Novembro de 1970), o compositor e músico Volodymyr Ivasyuk (brutalmente assassinado pela KGB em Maio de 1979), os poetas Vasyl Stus, Oleksa Tyhiy ou Valeriy Marchenko (mortos nos campos de Concentração em 1984 e 1985), os sobreviventes do GULAG soviético, jornalistas Heliy Snegiriov, Viacheslav Chornovil ou Yevhen Sverstyuk.

António L. C., vivia na capital ucraniana Kyiv (Kiev), onde era formado pela Universidade Estatal de Kiev Taras Shevchenko (agora Universidade Nacional de Kyiv Taras Shevchenko) em Direito, com especialização em Relações Internacionais. Em Kyiv ele conheceu a Sra. Halina K., com ela, em 1971 tive um filho – Constantino C.
A continuação da guerra colonial em Moçambique, fiz com que Sr. António decidiu prosseguir os seus estudos no exterior, mudando-se para a Canada. Em Canada, António L. C., conheceu outra pessoa, jovem estudante do Zimbabwe, com quem, mais tarde, contraiu o matrimónio.
As perturbações consequentes da vida social e política em Moçambique, e mais tarde na Ucrânia, fizeram com que o último contacto, que pai e filho tiveram através das cartas, rompeu-se em 1991.

Por isso a tarefa que o nosso blog comprometeu-se a desempenhar, era mais que gigantesca. Encontrar uma pessoa em Kyiv (2,6 milhões de habitantes, dados de 1991) ou em qualquer outra cidade da Ucrânia (cerca de 48 milhões de habitantes em 2004, fonte: http://novosti.dn.ua/details/4176/) , para onde o Constantino C. podia mudar-se.

Foi preciosa a ajuda de Tetiana Meteliova, jornalista, filosofo e activista dos direitos humanos de Kyiv, pessoa que publicou os anúncios da procura de Constantino C. na imprensa ucraniana.
Um dos anúncios foi visto pelo colega de escola e carteira da turma de Constantino C., Sr. Tymofiy Kalujniy. Em 17 de Janeiro de 2005, Sr. Kalujniy entrou em contacto com o nosso blogue, manifestando o seu desejo de ajudar na procura de Constantino. A procura era dificultada pelo factor tempo, Constantino e Tymofiy terminaram os seus estudos secundários cerca de 17 anos atras!
Mas já no dia 5 de Fevereiro de 2005, Tymofiy consegue encontrar o endereço do Constantino e da sua mãe e tem uma conversa telefónica com eles. Tymofiy entrega ao Constantino o endereço do correio electrónico do nosso Moderador. Mais tarde, no dia 7 de Fevereiro, Tymofiy encontra-se com Constantino pessoalmente e também nos faculta o endereço electrónico do Constantino.
No mesmo dia, 7 de fevereiro de 2005, o próprio Constantino C., entra em contacto via Internet com o nosso Moderador, onde mostra-se muito contente e feliz por poder ter de novo contacto com o seu pai, do qual ele não tive nenhuma notícia há 14 anos. Constantino fornece nos todos os seus dados, como: endereço físico e do correio electrónico, numero de telefone fixo e do celular, que poderão ser úteis ao seu pai.
No dia 8 de Fevereiro, o nosso blog entrou em Contacto com o Sr. António C., fornecendo lhe de seguida, todos os dados em nosso poder, que podem ajudar à uma localização e contacto mais rápido e simples entre o pai e filho.
O nosso blogue e o seu Moderador estão muito contentes para poder ajudar essas duas pessoas, pai e filho, divididos entre si por uma distância de cerca de 8,500 quilómetros (distancia entre Kyiv e Maputo), encontrar-se de novo. Primeiro, pelas sistemas de comunicações, disponíveis nos ambos os países, depois, mais tarde, pessoalmente. Em Kyiv ou em Maputo, na Ucrânia ou em Moçambique. Esperamos que isso acontecerá mais cedo ou mais tarde, mas acontecerá de certeza!

Moderador do blogue

P.S. O caso de António L. C. e do seu filho não é único na historia recente da Ucrânia e de Moçambique. Se o nosso leitor tem o mesmo problema, poderá entrar em contacto connosco via o correio electrónico e nos faremos tudo o que esta ao nosso alcance, para o ajudar.

1 comentário:

Rogério Nunes disse...

Muito boa a matéria. Parabéns por propiciar encontros como estes. Abraço do Brasil.